Especialistas apontam medidas para frear o tráfico em Santa Maria

Os órgãos de segurança pública têm atuado no combate à violência gerada pelo tráfico de drogas em Santa Maria em várias frentes independentes, desconexas e com caráter imediato. E o problema pode estar justamente aí. Especialistas em segurança pública acreditam que as soluções estão em ações integradas e que devem ser pensadas a longo prazo. Ou, ainda, elas estão acima do poder de ação dos órgãos de segurança, dependem dos governos e de mudança de postura política.

As polícias se concentram em investigar os crimes e prender quem furta, rouba e trafica e em apontar responsáveis para os casos de latrocínios e homicídios, tentando dar uma resposta rápida à sociedade para os crimes mais graves.

A cadeia de penalização segue na Justiça, que aplica penas, de privação da liberdade ou não, também baseada na legislação. Cabe ainda ao Judiciário se preocupar com os direitos dos apenados e fiscalizar demais órgãos de segurança como a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe).

A Susepe administra as casas prisionais e tem contato direto com os detentos. Tenta, e pouco consegue, inibir a entrada de celulares e drogas nos presídios e penitenciárias. Desenvolve um projeto e outro com foco na ressocialização, como a oficina de corte e costura para as detentas do Presídio Regional de Santa Maria. Porém, isso é pouco para mudar o quadro de reincidência.

O sistema de punição de infratores como um todo tem demonstrado ao longo dos anos não ser capaz de acabar com a criminalidade. Todos, da polícia ao Judiciário, queixam-se da falta de pessoal e de estrutura para combater tantos crimes e processos e lidar com inúmeros apenados. Enquanto isso, a população testemunha o sistema do Estado falir, e o do tráfico crescer.

Mas, então, não existe uma solução? Especialistas e estudiosos na área acreditam que a solução para acabar com essa rede está distante e em um caminho diferente do que está sendo traçado até o momento.

A curto prazo, uma medida eficaz seria a união de esforços

Para Eduardo Pazinato, coordenador do Núcleo de Segurança Cidadã da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), ex-secretário adjunto e ex-secretário de Segurança Pública e Cidadania em Canoas, a saída está em unir forças e passa por um diagnóstico da criminalidade e por ações integradas coordenadas pelo município por meio do Gabinete de Gestão Integrada Municipal.

Raio X nos presídios seria a saída

Em maio do ano passado, a 2ª Delegacia Regional da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) criou um grupo de intervenção que age junto com a seção de inteligência verificando informações das polícias ou denúncias sobre presos que estão usando celulares.

Sobre o pedido de um aparelho de Raio X, que, segundo os agentes, impediria 100% a entrada de objetos na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm), o delegado regional da Susepe, Armando Maciel, disse que não requisitou oficialmente porque não há aparelhos disponíveis. Existe uma expectativa de que os equipamentos que serão usados na Copa do Mundo sejam disponibilizados para as casas prisionais após o evento.

O que ajudaria, e muito, no trabalho de fiscalização, segundo a Susepe, seria o aumento do número de servidores. São 140 agentes lotados em Santa Maria. Segundo Maciel, a cidade tem um déficit de 40%. O problema é minimizado com o pagamento de horas extras e com o trabalho de diaristas _ agentes que são deslocados de outras casas prisionais para Santa Maria. Atualmente, 37 diaristas atuam no município. Uma luz no fim do túnel é o concurso para novos agentes, cujas provas ocorreram em 1º de junho. Mas não se sabe quantos virão para Santa Maria.

A longo prazo, alternativa é 'mudar a política de drogas'

Para Marcos Rolim, jornalista, doutor em Sociologia, professor da Cátedra de Direitos Humanos no Centro Universitário Metodista (IPA) e membro funda